Como bons cristãos católicos, a Semana Santa sempre representou Renovação, Penitência e para nós crianças chocolate, é claro.
Minha mãe sempre muito religiosa, “carregava-nos” para a Igreja e mesmo em casa tivemos bons exemplos de religiosidade, caridade e bons caminhos.
Nem todos nós íamos por livre e espontânea vontade, mas a base foi dada.
É interessante, como só compreendemos o comportamento e o amor de nossos pais quando passamos a criar nossos próprios filhos.
Parece que tudo que eles querem para nós e nos proibir isso, não deixar aquilo, isso é errado, só aquilo é o certo.
Ah, como queremos que a mãe de uma amiga fosse a nossa. A outra mãe e o outro pai sempre são os melhores. Ainda bem que descobri em tempo que eu sempre tive a melhor família do mundo!
Bom, voltemos ao assunto!
Durante toda a quaresma, fazíamos penitências, orações em grupo e toda sexta-feira tinha via-sacra. Para quem é católico sabe do que estou falando.
Fazíamos jejum, menos os pequenos (menores de 7 anos), e não comíamos carne nas quartas e sextas.
Eu, na frente da Igreja N. S. do Perpétuo Socorro,
na cidade em que nasci e passei toda minha infância
e adolescência.
Durante a Semana Santa a programação na Igreja era diária. E a Sexta-Feira Santa, dia da Paixão de Cristo era jejum, silêncio e orações.
Não sei por que, quer dizer... eu adorava esse dia.
Era proibido brigar ou gritar lá em casa. Não se ligava rádio, muito menos televisão.
Quantas vezes esqueci e comecei a entoar uma musiquinha que não fosse hino e minha mãe me mandou ficar quieta.
Se algum de nós resolvesse tentar discutir com um dos irmãos a ameaça era certa: “não esqueçam que amanhã é ‘sábado de aleluia’ e vocês vão ver a vara de marmelo correr solta”.
Não sei por que, quer dizer... eu adorava esse dia.
Era proibido brigar ou gritar lá em casa. Não se ligava rádio, muito menos televisão.
Quantas vezes esqueci e comecei a entoar uma musiquinha que não fosse hino e minha mãe me mandou ficar quieta.
Se algum de nós resolvesse tentar discutir com um dos irmãos a ameaça era certa: “não esqueçam que amanhã é ‘sábado de aleluia’ e vocês vão ver a vara de marmelo correr solta”.
Então, nos transformávamos em anjos. Por um dia, mas “anjos”.
E também estávamos mais interessados em saber o que íamos ganhar no domingo pela manhã, antes de irmos para a Missa de Páscoa.
Durante a semana já tínhamos feito nossas cestinhas de papelão todas enfeitadas com papel colorido e picotado, ou mesmo os coelhinhos-cesta, muito bem elaborados, com algodão colado tentando imitar o pelo do coelho (animal).
Meu pai nunca nos deixou sem chocolates e doces na Páscoa e continuou assim até depois que eu casei, acreditam?
Deixávamos nossas cestinhas ao lado da cama, o que sempre dificultava a entrada do “coelho”.
Quando bem pequenos o sono era mais pesado, mas com o tempo a vigília era constante. Só que cansávamos e acabávamos dormindo sem vê-lo trazer as guloseimas.
Esta foto tem muita representação para minha infância.
Exposição de Páscoa do Clube Thalia, em Curitiba, anos 60.
Meu pai que tirou a foto, mas como foi no meu batizado,
então não cheguei a ver este lindo coelho,
muito menos esse "OVÃO", a não ser por esta foto.
Mas nossos coelhos feitos de cartolina eram como esse,
só que pequenos é claro.
Meus irmãos mais velhos, terríveis como sempre, foram os culpados por uma grande decepção na minha vida, quando me chamaram para ver no fundo do guarda-roupa de meus pais, aquele grande pacote com todas as guloseimas.
Lembro que fiquei muito triste, mas nunca comentei com ninguém. Odiei saber aquilo. Como era saborosa a ilusão!
Lembro que fiquei muito triste, mas nunca comentei com ninguém. Odiei saber aquilo. Como era saborosa a ilusão!
Não tínhamos grandes ovos de chocolate como hoje em dia, eram coelhinhos, bombons, balas, pirulitos e até chicletes, que minha mãe detestava que comêssemos.
Na Páscoa podia. Ah, que felicidade e inocência infantil.
O que era colocado em nossas cestas estava ótimo, era bom demais.
É claro que íamos para a rua para compararmos com as de nossos amigos. Mas nunca tinha reclamação. Ninguém exigia, ninguém brigava porque o amigo ganhou mais ou melhor.
Fico admirada de como as crianças de hoje são exigentes. Já escolhem com antecedência o que querem e “socorro” se não ganharem.
São pais enfrentando filas, sofrendo em shoppings lotados, porque a variedade é grande.
E qual não é o pai que adora ver aquele sorrisinho de felicidade no rosto de seus filhos quando a vontade deles prevalece.
Na verdade somos os culpados, e não só a mídia, pelo consumismo exagerado e pela verdadeira “crueldade” que nossas crianças fazem com seus progenitores.
Isso sem contar os avós. Essa é a melhor parte. Que saudades dos meus!
Na catequese, desde muito cedo, aprendíamos o significado da relação ovo x coelho x páscoa x Jesus x renascimento.
Demoramos muito a entender, na verdade, eu só entendi muitos anos depois, mas sabia da importância da data com relação à morte e renascimento de Cristo e isto era o bastante para minha mãe e para nossos professores.
E nosso almoço de Páscoa então, que delícia. Só não se iguala ao do Natal.
Família reunida, comida farta e por muitas vezes e em muitas famílias, acontece como a outra data.
Esquecemos o principal, o verdadeiro motivo da festa.
Feliz Páscoa para todos!
Bjs no coração!
Nilce
2 comentários:
Oi Nilce, passei pra te deixar um abraço, aqui no interior ainda tem muito dessa religiosidade, minha irmã mais velha não come carne de jeito algum na quaresma toda, isso desde que me lembro por gente.
A quaresma desse ano marcou todas as outras que virão, porque trará a lembrança da morte do meu pai. bjs e uma ótima semana
Nilce, amiga,
Adorei a nostalgia do seu post. Quando li, tinha acabado de chegar de viagem e acabado de ligar pra minha mãe aí no Brasil e falamos muito das coisas que vc citou. Achei uma coincidência maravilhosa. Fechei com chave de ouro a minha páscoa. Vc sabe passar suas vivências, de forma tão real, que as vezes me vejo fazendo as mesmas coisas que vc fazia ou ainda faz. Engraçado, né?
Beijo amore!
Iram
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