O sonho dos meus pais.

Quando esperam uma nova vida, os pais e todo o resto da família criam expectativas sobre o futuro desse novo ser.

Enquanto na barriga da mãe, imaginam rostinhos, características e até, se vai ser chorão como um, ou sorridente como outro da família.

Depois, tratam de iniciá-los na carreira. Ele será engenheiro como o pai, jornalista como a mãe. Sinto certa decepção dos genitores, quando os filhos não seguem a profissão tão sonhada por eles.

Meus pais, simples e honestos sempre, não estudaram. Mas, sempre sonharam com um belo futuro para mim.

A minha mãe, com seu pouco estudo, sonhava-me Advogada. Falante como sou, seria até uma boa profissão. Por certo, conseguiria convencer muita gente.

Ela imaginava uma placa assim:

DRA. NILCE GIBSON – ADVOGADA.

Meu pai tinha dois sonhos: ver-me formada e bem casada. E apesar de ser a tanto tempo, ele já os queria nesta ordem, primeiro os estudos, depois o casamento.

Na minha infância e início da adolescência, sonhava em ser bailarina. Participava do grupo de dança no primário e depois da ginástica rítmica no colegial.

Eu, graduada aos 37 anos

Mas, desde pequena já apresentava também o desejo de ensinar. Gostava de ajudar os amigos e ganhei meu primeiro “salário” aos 12 anos, auxiliando na alfabetização de duas meninas lindas que eram nossas vizinhas.

Herança? Dom?

Meu avô paterno era professor.

Aos 18 anos, depois de terminar o antigo científico, parei de estudar. O trabalho falou mais alto e o sonho dos meus pais foi adiado. Mas nunca esquecido.

Aos 20, casei e vi a oportunidade voltar. Realizei um dos sonhos do meu pai, mas fui impedida de voltar a estudar e tampouco trabalhar por conta do machismo.

Hoje, depois de tanto tempo passado, lembro que meu pai não me viu formada. Perdi-o quando eu tinha 23 anos.

Consegui realizar seu sonho mais tarde do que ele imaginava. Mas, tenho a certeza de sua presença no dia da minha formatura e em todos esses anos de aperfeiçoamento como aluna, não só na Faculdade, como na Universidade da Vida.

As peripécias dos meus anos de acadêmica já são uma outra história.

Bjs no coração!