Minha infância, minha vida, meus amores e dores; minhas idéias e meus ideais; idéias alheias, conversação entre sorrisos e lágrimas, tudo contado de uma maneira gostosa e com uma pitada de bom humor por uma pessoa FELIZ!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Meu pessegueiro!

Há dias em nossas vidas que achamos que o caminho acabou e que os atalhos se fecharam. Nestes dias, tento lembrar a minha infância.

Não estou aqui para reclamar, muito menos para me sentir a pior criatura do mundo. Primeiro, porque não sou. Segundo, porque sou uma pessoa abençoada por tudo o que tenho e terceiro, porque ninguém é melhor ou pior que ninguém.
Estou mais para o choro mesmo.

Chove muito, marido viajou, exames a fazer, ou melhor, refazer, e não consigo responder os comentários do meu blog: “obrigada, meus queridos”. Tenho preferido visitá-los e deixar meus comentários por lá mesmo.

Acho que isso se chama solidão, mesmo no meio da confusão.
Com um monte de gente lá fora, carros, conversas que ouço daqui, a TV ligada, as meninas falando comigo o tempo todo, e eu voando.
E neste vôo, lembrei do “meu pessegueiro”.
Neste post aqui, prometi que ia começar por ele a história da minha infância, pois ele me foi muito importante.
Mas, na verdade, ele fez mais parte da minha pré-adolescência.
Aquela fase em que vivemos nos perguntando:
- Quem sou eu?
- O que faço aqui?
- Será que sou adotada?
- Por que minha mãe não é a mãe da minha melhor amiga?
- Por que aquele garoto estúpido não olha para mim? Afinal já tenho 10 anos...
- Deus existe?
- Afinal, estou pecando?
- Por que eu sou tão feia?
- Por que estou demorando tanto a ter seios?
São tantas as perguntas...

Você nunca passou por isso? Nunca se fez nenhuma dessas perguntas?
Eu fiz estas e muitas outras. Algumas nem tenho coragem de confessar.
E quase todas elas nos primeiros galhos mais grossos do meu pessegueiro. Era para ele que eu contava todos os meus segredos, todos os meus prováveis pecados.
Reclamava, chorava e ele me escutava. Calado, frondoso, fiel!
Sabiam que ele 'me' dava um fruto especial todo ano?
Sim, tinha lugar certo. No primeiro galho à sua esquerda. Começava com o início de um botão.Tímido...
Num lugar onde só dava uma flor.

Só a minha!

Na época da florada, lá ia eu ver se ela estava lá. A maior, a mais bela de todas as flores.

E depois o mais belo dos frutos, o mais lindo pêssego, que eu cuidava com todo carinho, até amadurecer. Por vezes, eu cuidava tanto, esperava tanto, que os pássaros, mais ágeis, o bicavam antes que eu o retirasse para saboreá-lo.

Que sabor!!! Sabor de infância!

Sabor de um tempo muito bom. Felicidade de criança sem compromisso. Felicidade de uma menina magricela, que era feliz e não sabia.

Ele não existe mais. Minha casa não existe mais. Minha cidade não existe mais. Destruíram tudo. Acabaram com minha infância, com minha adolescência, com minhas ruas, minhas primeiras descobertas.

Meus amigos se espalharam pelo mundo. Uns se foram para outro plano. Outros ainda mantenho contato.
Mas, daquele nosso mundo, nada restou. Agora é só lembrança.

Que saudades de você “meu pessegueiro”, meu amigo, meu confessor!
Nilce Gibson
Bjs no coração!

16 comentários:

Anônimo disse...

Ai, amiga, que lembrança bonita! Eu também choraria essa saudade. Era uma amiga fiel, uma dádiva essa árvore. O que houve com sua cidade para não
existir mais?
Beijos na alma, querida e tenha um abençoado dia.

PS: também não vou te abandonar não, rs... tiadoro.com.br

Nilce disse...

Ale,

Também tinha meus animais. E não eram poucos. Mas perdi muitos e sofria muito com isso.
Agora, meu pessegueiro e minha laranjeira (um dia falo dela), esses duraram todo o tempo que vivi por lá.
'Me" pareciam mais reais e compreensivas que as próprias pessoas.
Bjs no coração!
Nilce

Tati disse...

OI Nilce, ontem estive com a She (Cantinho She) e ela falou tão bem de você que resolvi conhece-la. E que coisa boa foi isso! Este texto está lindo, fiz boa parte destas perguntas e outras tantas.
Adorei! Alguns são amigos do pessegueiro, outros do pé de laranja lima. Eu era amiga do meu cachorro, um boxer que fez essa passagem da infância para adolescência ser mais tolerável! Saudades do Leco...
Prazer em te conhecer. Um grande beijo.

lolipop disse...

Minha querida, vc tinha um pessegueiro em vez dum Pé de Laranja Lima...Gostosas essas lembranças dum tempo sem consequências...por isso mais despreocupado e feliz! Altura das perguntas, mas também de achar que para tudo havia resposta...
Que pena suas lembranças físicas não existirem mais!
As minhas também não, e muitas são de Angola, que nunca mais visitei, nem sei se quero porque me revolta a corrupção instalada, a riqueza duns poucos, a miséria de muitos...
Não quero que se sinta sózinha, não, Nilcinha!
Logo mais te escrevo, viu!
Tudo de bom, amiga!
Adorei seu texto!
BEIJOS ENORMES
TERNURAS

Nilce disse...

Oi, Tati

Seja bem vinda. Fique à vontade, querida.

Bjs no coração!

Nilce

Denise disse...

Ai, que lindo esse texto, me fez recordar de muita coisa boa da infância...

Início de descobertas, sonhos e questionamentos, enfim, fui feliz essa época, a casa felizmente continua viva, mas as pessoas que passaram nesta fase muitas sumiram.

Meu melhor amigo era um cachorro do vizinho, por sinal era bravo e grande (mistura de akita com pastor alemão) chamado Kengo, mas comigo era um doce, com ele conversava muito, adorava ir no vizinho só pra poder ficar junto dele!

Até hj lembro do Kengo, da casa e das pessoas, que saudades!

Nossa, me empolguei... olha o que vc me fez... que coisa boa recordar né! rs

Tenha um ótimo fds, fica com Deus!
Bjão

Jacky Simionato disse...

Oi flor, tuudo bem?
Nossa, não sabia que vc estava assim.
Que triste, tomara que passe logo!
Estou aqui torcendo por sua melhora, viu? Tuuudo vai passar =D
Tenha uma ótima sexta feira!!1
Beejo beejo":"

Jaque Gonchoroski disse...

Linda história amiga! Ele pode não existir, assim como a sua cidade, sua casa, mas tenho certeza que está bem viva em sua memória e em seu coração.

E esse momento de solidão, é normal pra todo mundo. Sempre existirão momentos assim, mas você não deve ficar triste por isso. E lembre-se que estarei aqui sempre que precisar.

Beijos querida e ótimo final de semana, cheio de alegrias.

Glorinha L de Lion disse...

Nilce, minha querida, não dizem que os amigos nos ouvem com o coração?...engraçado vir aqui hj e te encontrar assim, triste e cheia de lembranças, como se tivesse chamando os amigos para te fazerem companhia. Viu? Estou aqui. Já me senti muito assim, Nilce. Esse ano já chorei tanto, acho que foi o ano em que mais chorei na vida, mas mudei meu foco...tirei-o do sofrimento e da dor e o desviei para o meu sonho. Agora vou começar um clube do livro aqui em casa, reunindo amigas, para falarmos sobre um livro, para tomarmos café com bolo...rsrs e nos enriquecermos mutuamente. Não é uma boa ideia? Pq não organiza um tb? Ou escreve um livro? Vc escreve seus textos com tanta emoção e verdade. Anime-se, mude o foco. Sei e como sei o quanto isso é difícil. Meus problemas continuam iguaizinhos, alguns até piores, mas já não estou dando a importância ,que aliás, eles não tem. A vida, viver da melhor forma, isso sim é importante. Seja feliz! Espero ter te ajudado de alguma forma! Grande beijo e...Sonhe!

Lu Iank disse...

Oi Nilce
estou realmente em falta com vc, mas ultimamente esta complicado porque o Serginho esta durante o dia todo em casa e a Mariana eh um amorzinho, mas tb nao dorme quase nada durante o dia. Entao esta me sobrando muito pouco tempo. AS vezes consigo ler, mas comentar esta dificil.
Quanto a sua solidao eu entendo muito bem, apesar dos filhotes em volta, o Sergio tb viaja muito (essa semana estava na Ilha da Madeira e tem uma previsao de inumeras viagens ate o fim do ano). Nesses momentos o importante eh fazer a cabeca funcionar e fazer o que vc em feito, escrever os seus textos lindos e inspiradores para cada um que passa pelo seu cantinho.
Em breve estaremos por ai e vamos combinar alguns programas juntas, ok...
Bjs e se cuida.
Lu

ValeriaC disse...

Nilce minha florzinha...fica tristinha não...todas nós nos sentimos assim, vez ou outra...nós estamos aqui com você...
Quero te ver feliz, acreditando que tudo é passageiro, que nenhum dia é igual ao outro...que bom!!!
Linda sua recordação...no quintal da minha casa quando era pequena também tinha um pessegueiro...lindas as flores não é? E tão doces seus frutos...
Querida fique bem, mantenha a serenidade...logo estará sorrindo muito...confie na vida...
Beijinho no seu coração!
Valéria

"(H²K) 久保 - Hamilton H. Kubo" disse...

De fato querida Nilce, muitas perguntas na pré-adolecência.
Muitas sem nenhuma ou alguma resposta.
Mas de certo perguntadas.
Um pessegueiro, achei linda a história, era seu amigo e ele amigo seu.
Confissões em silêncio, pecados calados... Enfim seu companheiro.

Uma pena é saber que deixou de existir, mas apenas neste plano tenho certeza.
Enquanto enraizado tenho certeza que muito lhe foi grato, tanto que lhe dava a mais bela fruta e a beleza da mais bela flor.

A própria vida nossa se esvaí, mas de certo nenhuma fora ou será em vão.
Mesmo a de um pessegueiro que irá levar a lembrança para onde for!

Beijos

diariodumapsi disse...

Ah! Fica assim não amiga...
Realmente você é uma pesoa muito especial, consegue fazer dos momentos de nostalgia um lindo texto como esse! E nos presenteia com ele!
Sabe, ás vezes me sinto sozinha também, no decorrer da minha vida deixei alguns amigos para trás e hoje sinto muita falta deles! Tento agradecer a Deus pelo que tenho, meu marido, meus filhos, minhas irmãs...
As suas lembranças são doces, tem sabor de pêssego e a beleza de uma flor de pessegueiro!
Mas todos nós algumas vezes ficamos assim, meio nostálgicos!
Tenha um ótimo fim de semana, amiga!
Gd beijo

Liz. disse...

Oi Nilce, que bom que gostou do selinho, tem mais pra você lá no meu blog. Aproveite o fim de semana, beijos! :)

Michelle Lynn disse...

Fiz quase todas as perguntas e sinto a mesma solidão, tanto no passado quanto no presente... mas também tenho certeza do quanto era feliz e espero no futuro ter essa mesma certeza do presente...
Obrigada pelo carinho de sempre...
Bjoss
Mi

Bombom disse...

Vim devagarinho para estar contigo e te conhecer melhor e deparei com a tua História que me fez lembrar um livro lindo que li há muitos anos: O Meu Pé de Laranja Lima. Um livro que me fez chorar.
Neste caso era o teu Pé de Pessegueiro! Lindo! Gostei muito de o reviver contigo. Bjs. Bombom